quarta-feira, 28 de março de 2012

Petrobras já pediu reajuste da gasolina; governo resiste


o posto há apenas 45 dias, a nova presidente da Petrobras, Graça Foster, já pediu ao governo para aumentar o preço dos combustíveis. Mas o mesmo governo que passou 2011 só dizendo não ao antecessor Sérgio Gabrielli, de forma categórica, agora está ''responsavelmente analisando esta questão''.

 É o que revela o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão: "O sentimento do governo não mudou. O que mudou foi a taxa de inflação", diz o ministro.
Em entrevista ao Estado, Lobão informa que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) está convencida de que houve negligência da Chevron no primeiro vazamento petróleo no Campo do Frade, em novembro, e que a petroleira será punida por isso. Em tese, a ANP pode até proibir a Chevron de explorar petróleo em território no País.
O ministro revela que os projetos que tratam das concessões do setor elétrico e do novo código de mineração serão enviados logo ao Congresso, e poderão ser examinados ainda este ano. A proposta da nova partilha dos royalties de petróleo é vista como uma questão do Congresso e o governo não cederá um centavo a mais para facilitar o acordo.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
O governo resistiu aos pedidos da Petrobrás para reajustar combustível no ano passado, quando a inflação estava alta. Este ano, os índices de preços estão recuando e o petróleo subindo. A resistência agora diminuiu?
Reconhecemos que há nove anos não há reajuste do preço na bomba. Embora tenha havido recentemente um reajuste de 10%, ele não foi repassado ao consumidor, mas absorvido pela Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). A Petrobrás reivindica com frequência essa elevação, mas o governo tem suas responsabilidades também com o processo inflacionário. Tem de olhar a necessidade da Petrobrás, até para seus investimentos, mas olha também o interesse da economia.
A nova presidente da Petrobrás, Graça Foster, já pediu para reajustar a gasolina?
Já pediu. A balança tem dois pratos. De um lado, tem o interesse da Petrobrás, legítimo. De outro, o interesse legítimo de conter a inflação.
De quanto seria o aumento?
Não se falou sobre quanto se deveria aumentar e sim sobre a necessidade do aumento declarada pela Petrobrás.
Vários pedidos do ano passado foram negados, e agora o pedido feito pela Graça entra num processo de avaliação?
Sempre avaliamos as questões que chegam ao governo.
Isso é uma definição pra já?
É uma decisão da presidente da República. Ela avalia, procura ouvir o ministro da Fazenda, o ministro de Minas e Energia, mas a decisão é dela.
Mas o sentimento mudou do não categórico para a avaliação.
O sentimento eu não diria que mudou. O que mudou foi a taxa de inflação.
O que o governo pode efetivamente fazer no caso Chevron?
A ANP está convencida de ter havido negligência e aplicará as sanções previstas em lei.
A ANP pode proibir a Chevron de explorar em território brasileiro?
Pode. Ela pode tomar esta decisão, consultando o ministério. Vai fazê-lo? Não acredito, Mas, uma vez que se demonstre que a empresa foi responsável, ela tem de ser punida. Tem de pagar pelo que fez. Primeiro, todas as despesas com limpeza são dela. No que a Petrobrás ajudou, ela tem de ressarcir.
A Petrobrás também tem de ser responsabilizada, como sócia da Chevron?
Não. A responsabilidade é do operador.
Por que o senhor não acredita que a ANP chegará a expulsar a empresa?
Pelo conhecimento que temos dos episódios, que não são tão grandes ao ponto de motivar a expulsão. Não se fará nenhuma pressão, além do que diz a lei, sobre esta ou qualquer outra empresa brasileira ou estrangeira. Da mesma forma, também não se aliviará nada na extensão da própria lei. Aquilo que a lei prescreve, a ANP adotará. Nós não temos nada contra o capital externo e até estimulamos a presença dele aqui. Mas ele tem que se adequar às normas brasileiras.
Especialistas alertam que um dos problemas seria o excesso de pressão sobre a trinca, que poderia aumentar caso a exploração seja interrompida, forçando um estouro do petróleo. O risco de estouro do poço já foi discutido com o senhor?
O ministério não tem qualificação técnica para esse exame. A agência tem. Para isso ela existe e tem técnicos da melhor qualidade. É com esses técnicos que ela está fazendo a avaliação. A ANP acha que deveria haver um pouco mais de injeção de água, de pressão, enquanto a Chevron entende o contrário. Então, é preciso que se encontre um meio termo, demonstrando que a agência eventualmente se equivocou ou que é a Chevron que está errada. Fazer na base do impulso é um risco para todas as partes.
O governo trabalha em um plano de contingência, como determina a lei?
Para cada caso há um plano de contingência. Quando uma empresa é vitoriosa em um leilão, seu plano de contingência é submetido ao Ibama, que o analisa ao examinar o licenciamento ambiental. O que chamamos pequena emergência faz parte do licenciamento, como no caso da Chevron. Há também o plano de área, envolvendo vários ministérios, para o caso de um episódio como este se ampliar, o que esperamos que não aconteça. O plano nacional de contingência é um conjunto bem mais amplo de diretrizes que se aplicam ao poder público em casos de catástrofes.
Em que ponto está o plano?
O plano nacional para os grandes eventos já está concluído. Será encaminhado à Casa Civil nos próximos dez dias, para que a presidente da República, concordando, decrete o novo plano.
Os últimos acidentes vão atrasar o projeto do pré-sal?
Acho que não. O que está atrasando o pré-sal é a demora na votação dos royalties, e não o risco.
Nesse quadro de instabilidade que configura uma crise no Congresso, não é preciso fazer um rearranjo na base para votar uma polêmica como essa?
Em primeiro lugar, não acho que haja uma crise política. Foi um episódio na votação de um candidato a diretor de uma agência (ANTT) e nada mais.
Isso foi no Senado. Na Câmara, com rebeliões nas bancadas evangélica, ruralista, nordestina, e nos aliados, o governo não consegue votar a Lei Geral da Copa. Isso não configura crise. O governo tem base sólida no Congresso e vai continuar com ela.
A renovação das concessões do setor elétrico está definida?
Não. O governo não tem posição definitiva sobre as concessões; não decidiu ainda. Mas não há uma pressa porque as concessões vão vencer em 2015. Mas o governo deve resolver isso no primeiro semestre.
O mesmo vale para o Código de Mineração?
Vale, e podemos ter até uma surpresa com a rapidez. Podemos enviar a proposta ao Congresso antes da definição das concessões e eu não descarto a possibilidade de votar o código este ano. Se não der, por ser um ano eleitoral, fica para o primeiro semestre do ano que vem. Eu imaginava que bastariam seis meses de estudo para elaborar o projeto e enviar ao Congresso, e lá se vão dois anos. Mas um documento legal dessa envergadura leva tempo para ser bem feito. Estamos ouvindo todo mundo, associações, mineradoras, governos estaduais, para melhorar a qualidade da proposta.
O Estado de S. Paulo 25/03/2012

Fonte: http://www.cenariomt.com.br/noticia.asp?cod=174775&codDep=2

quinta-feira, 22 de março de 2012

Dilma dá sinal verde a novo marco de mineração


Autor(es): Vera Saavedra Durão
Valor Econômico - 22/03/2012

Os três projetos de lei que criam o novo marco regulatório do setor de mineração deverão ser enviados ao Congresso até o fim deste semestre. A informação foi dada pelo secretário de Geologia, Mineração e Exploração Mineral do Ministério de Minas e Energia, Claudio Scliar, que participou, segunda-feira, de um seminário em Belo Horizonte, e foi confirmada ontem, em nota, pelo ministério.
Segundo a nota, Scliar considera que a decisão depende do ministro Edison Lobão e principalmente da presidente da República, Dilma Rousseff. No momento, os textos estão tramitando na Casa Civil, mas já foram lidos pela presidente Dilma, que solicitou algumas pequenas mudanças, já tendo dado, porém, o sinal verde para o envio ao Legislativo.
Há mais de três anos o governo vem trabalhando nos três projetos de lei do novo marco regulatório, que segundo fontes consultadas podem "transformar radicalmente o setor de mineração" no país. O primeiro dos três projetos de lei cria o Código de Mineração e lança o Plano Nacional de Mineração para 2030. O segundo cria a Agência Nacional de Mineração e o terceiro, que provoca mais polêmica, propõe alterações nas alíquotas dos royalties sobre produtos minerais, inclusive a do minério de ferro, que poderá dobrar de 2% para 4%.
A alíquota da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) que incide sobre os minerais vai de 0,2% a 3% atualmente. A alíquota máxima de 3% incide em minério de alumínio, manganês, sal-gema e potássio. A alíquota de 0,2%, a menor de todas, incide sobre pedras preciosas, pedras coradas lapidáveis, carbonados e metais nobres. A de 1% incide sobre o ouro.

terça-feira, 13 de março de 2012

Lobão: energia cairá pouco com renovação de concessão




O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse hoje que o governo ainda está discutindo a questão das concessões das empresas de energia elétrica. Ele lembrou, no entanto, que em 2015 vence parcela de apenas 22% do total das concessões. Por isso, ressaltou que a redução do preço será "muito menor do que se imagina".
Questionado sobre as críticas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre a possibilidade de prorrogação das concessões, Lobão disse que falta bastante para que o assunto seja decidido. Mas ressaltou que qualquer fórmula "está longe de ser uma redução que a Fiesp acha que vai ter". Segundo Lobão, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está estudando a dimensão dessa redução, mas lembrou que como apenas um quinto das concessões estará sob renovação, isso gerará pequeno impacto, pois o efeito será diluído.
"Se vencessem todas as concessões ao mesmo tempo, seria um quadro diferente. Não adianta achar que, por conta disso, a conta de luz vai lá para baixo", disse Lobão. O ministro comentou que existe uma lei que regula a matéria e que uma vez vencidas as concessões, o patrimônio volta para a União, que o licita outra vez. Há uma alternativa em estudo de que pudesse ocorrer uma prorrogação, mais uma vez, das concessões, admitiu o ministro, mas isso ainda não está definido. Mas, segundo ele, prorrogando ou licitando, a redução não será grande. Sobre o Código de Mineração, o ministro disse que o governo espera que possa ser anunciado dentro de um mês.
Lobão afirmou, ainda, que a presidente Dilma Rousseff tem pressa que o Congresso aprove a questão dos royalties do pré-sal. Segundo ele, a demora está atrasando a exploração, embora tenha ressalvado "ter esperança de que este ano se resolva isso". Ele afirmou que o atraso não é prejuízo, mas apenas que o País "deixa de ganhar" porque os resultados só chegam em cinco, seis ou sete anos

sexta-feira, 2 de março de 2012

Lobão admite intervenção na Celpa, a distribuidora de energia do Pará


Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse hoje (1º) que o governo poderá intervir na Centrais Elétricas do Pará (Celpa) para garantir a continuidade da prestação dos serviços. Em crise financeira, a distribuidora paraense de energia elétrica entrou com um pedido de recuperação judicial na terça-feira (28).
“Se a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] achar que deve fazer a intervenção, o poder concedente faz. Não estamos cogitando fazer isso agora, mas pode vir a ocorrer exclusivamente para garantir o serviço, porque se trata de uma empresa privada que tem que gerir o seu próprio destino”, disse o ministro.
Lobão também garantiu que até o fim do mês o governo deverá enviar ao Congresso Nacional o projeto de lei que cria o novo marco regulatório da mineração. Segundo ele, estão sendo feitos “ajustes finos” na proposta, que está sendo debatida desde o início do ano passado pelo governo. “Melhoramos bastante o projeto e digo isso com uma certa humildade, porque o projeto foi feito pelo ministério, mas reconheço que, ao longo do debate, fomos melhorando a proposta”.
Edição: Vinicius Doria