quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O que aguarda o novo Congresso: a pauta do governo e da oposição

O novo Congresso, que iniciou os trabalhos nesta semana, tem pela frente uma extensa pauta de assuntos pendentes da legislatura passada. Trata-se de temas latentes que os parlamentares dificilmente terão como adiar.

Na seara política, vencida a eleição para as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, outras questões se colocam como imperativas e tendem a gerar discussões conturbadas, dada a fragmentação partidária e o nível de acirramento da relação entre governo e oposição.

O Planalto terá duras batalhas no Legislativo. Uma delas é a análise dos vetos presidenciais. A correção da tabela do Imposto de Renda em 6,5% (vetada na MP 656) e as novas regras para a criação de municípios, estão nesse rol de dificuldades. A pressão pela reinstalação de novas CPIs para investigar desvios na Petrobras também preocupa. A reforma política, um dos motes de campanha da presidente Dilma Rousseff, é outro assunto candente.

Na área econômica, as peças orçamentárias são debates obrigatórios. O projeto de lei do Orçamento da União 2015 ainda está pendente de aprovação. Além deste, o governo terá de enviar ao Congresso a LDO e a proposta orçamentária para 2016. A análise das medidas fiscais anunciadas pelo governo, contempladas nas Medidas Provisórias 664 e 665, que tratam de restrições à concessão de benefícios sociais e do aumento da alíquota do IPI, será um grande desafio.

Resta incompleta a análise de temas referentes às questões tributárias dos entes federados, como a unificação do ICMS, a repartição desse imposto apurado com as transações realizadas no comércio eletrônico e a convalidação dos incentivos fiscais concedidos sem a anuência do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

Na parte trabalhista, a continuidade da política de valorização do salário mínimo é um dos compromissos do governo federal. Apesar do encolhimento da bancada sindical, haverá forte pressão para a extinção das contribuições previdenciárias de aposentados dos setores público e privado. Outro assunto que movimentará tanto o setor sindical quanto o empresarial é a regulamentação da terceirização.

Os marcos regulatórios referentes ao setor de infraestrutura terão grande apelo no período legislativo que começa. O Código de Mineração, a reformulação do Código Brasileiro de Aeronáutica, a conclusão das mudanças no Estatuto do Motorista, a Lei Geral de Antenas, para compartilhamento da infraestrutura de telecomunicações, e a reforma da Lei de Licitações são matérias que estarão na agenda.

No entanto, em face da heterogeneidade da composição do Congresso e do consequente clima de disputa, aliado à provável inserção de outros temas na pauta legislativa, a conclusão da análise de tais assuntos é incerta.

Também fazem parte dessa pauta exaustiva o arsenal da oposição. Apesar de ter perdido a eleição presidencial, ela saiu das urnas motivada e disposta a adotar uma postura mais agressiva em relação ao governo. Promete lutar pela criação de quatro CPIs. Inclusive uma nova da Petrobras.

Essa atitude mais combativa tende a continuar no reinício dos trabalhos legislativos e, após a vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é mais independente em relação ao governo, será explorada ao máximo pela oposição. Seus líderes já começaram a articular a criação de um “mutirão” de CPIs contra a gestão da presidente Dilma Rousseff (PT). Além de uma nova comissão para investigar irregularidades na Petrobras, serão propostas outras, para apurar tanto operações do BNDES quanto a situação do setor elétrico.
Fonte: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/murillo-de-arag%C3%A3o/o-que-aguarda-o-novo-congresso-a-pauta-do-governo-e-da-oposi%C3%A7%C3%A3o-1.988479


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

As novas (velhas) pautas da bancada ruralista

Camara

Eduardo Cunha comemora vitória no primeiro turno e é o novo presidente da Câmara. Ano legislativo oficialmente começou. Foto: Rodolfo Stuckert/Câmara dos Deputados.
A transferência do poder de demarcar Terras Indígenas, Terras Quilombolas e criar Unidades de Conservação para o Congresso. O Código da Mineração. A mineração em áreas protegidas. O projeto de lei que dá acesso aos recursos genéticos. Estes são os projetos prioritários da bancada ruralista que ainda tramitam ou serão desarquivados nos próximos 180 dias. A agenda de trabalho da Frente Parlamentar da Agropecuária já é conhecida. Agora, com a vitória de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara, que a bancada apoiou, os ruralistas analisam como se movimentar para aprovar cada um desses projetos.
No topo das prioridades está o desarquivamento da PEC 215, mais conhecida como a PEC das Terras Indígenas, que tira do poder Executivo a atribuição de demarcar terras indígenas, terras quilombolas e criar novas unidades de conservação. Esse poder ficaria a cargo do Congresso Nacional, majoritariamente contra a criação de novas áreas protegidas e indígenas.
Por pressão dos índios, a PEC 215 não chegou a ser votada até o fim do ano legislativo e, portanto, foi arquivada. Um contratempo fácil de resolver: basta um dos autores da proposta pedir o desarquivamento e ela volta a tramitar do ponto que parou.
Outra questão polêmica que está na pauta do Congresso é o Código da Mineração, que substitui o Código em vigor, de 1967. A principal mudança é a determinação do Executivo de licitar as áreas de mineração.
O Código de Mineração gerou "filhotes" como o projeto que permite mineração em 10% das Unidades de Conservação de uso restrito, isto é, parques nacionais, estações ecológicas e reservas biológicas. Apresentado em 2012, o projeto foi arquivado no final de 2014, mas poderá ser desarquivado caso seu autor, o deputado reeleito Vinícius Gurgel (PR-Amapá) reapresente seu projeto. De acordo com o regimento interno da Câmara, o autor tem 180 dias a partir do começo do ano legislativo (hoje) para pedir pelo desarquivamento.
A última proposta prioritária da agenda da Frente Parlamentar da Agropecuária é a PL 7.735 de 2014, que regulamenta o uso comercial do patrimônio genético. Em reportagem publicada em ((o))eco, o repórter Maurício Thuswohl explicou os interesses e as polêmicas que envolvem o projeto de lei. O defensores argumentam que o projeto desburocratiza o acesso aos recursos genéticos. Já os críticos afirmam que o projeto é vago demais e não protege os interesses dos povos indígenas e às populações tradicionais.
 Fonte: http://www.oeco.org.br/noticias/28901-as-novas-velhas-pautas-da-bancada-ruralista